sábado, 23 de abril de 2011

Prólogo




  Gabriel estava cansado e com sono, a voz do seu professor estava desaparecendo e seus olhos estavam quase se fechando. Ele não via a hora de ouvir o sinal do intervalo. O longo dia de trabalho havia consumido toda sua energia, ele deveria ter tomado um café antes da aula, talvez isso poderia te-lo feito agüentar aqueles longos minutos de aula. Gabriel olhou pela janela, a poluição da cidade de São Paulo não permitia que ele visse as estrelas e os novos prédios construídos a pouco tempo o impediam de admirar a lua, ele voltou a prestar atenção na aula, mas sua atenção foi direcionada para a janela que dava vista para os prédios, por um instante o ar faltou, por um instante ele pensou estar sonhando, todo o acontecimento pareceu durar uma eternidade, mas não passou de poucos segundos. Gabriel viu um enorme avião descendo do céu, ele estava caindo, não demorou muito para que o gigante atravessasse uma das torres do prédio, a sua asa direita atingiu a torre ao lado, o som foi ensurdecedor, aqueles segundos se prolongaram infinitamente, todos pararam para observar, o avião atravessou o prédio e passou próximo a janela da sala, o som era ensurdecedor, algumas pessoas taparam os ouvidos enquanto outras observavam a cena atônitas, o avião passou com a barriga próximo ao bloco ao lado, o som da colisão da aeronave chegou rapidamente aos seus ouvidos, foi então que o caos se instalou, a onda de choque da explosão fez com que os vidros das janelas de toda universidade estourassem, os alunos caíram no chão, as mesas foram deslocadas dos seus locais de origem. A visão de Gabriel escureceu, ele desmaiou por alguns segundos.
  Gabriel acordou, sua visão embaçada logo se normalizou, ele pode observar as pessoas da sua sala caídas no chão desmaiadas, ele olhou para a porta e pode ver pessoas correndo do lado de fora, ele se levantou com dificuldade, seu corpo parecia se mover contra sua vontade, parecia estar agindo sozinho, ele desceu as escadas do prédio da Universidade, a rua estava tomada por uma camada espessa de poeira, o avião havia explodido em um prédio próximo, por entre toda a fumaça e poeira ele podia ver as chamas queimando, ele se lembrou do acidente de 11 de setembro, seria aquele um ataque terrorista no Brasil? Sua cabeça estava confusa, ele não conseguia raciocinar bem, Gabriel caminhou lentamente até rua, as pessoas corriam, seus corpos estavam cobertos por aquela poeira branca, ele tossiu, sua boca estava seca, ele precisava de água, uma pessoa quase o derrubou quando passou correndo por ele. Gabriel continuou caminhando pela rua em direção a estação de trem, foi então que o tempo pareceu passar em câmera lenta, uma mulher de longos cabelos negros e ondulados corria em sua direção, a Iris de seus olhos eram vermelhas, seu corpo era perfeito, sua roupa estava suja, mas não como a das outras pessoas, era como se ela tivesse brigado com alguém, ela não demorou para chegar até ele, a estranha parou na sua frente e antes que Gabriel fosse capaz de tomar uma atitude a mão macia da mulher agarrou sua nuca, uma forte dor se instalou em seu pescoço, ele sentia o seu corpo perder as forças, o que estava acontecendo? Ele não queria morrer, ele ainda tinha uma vida inteira pela frente, o que aquela estranha estava fazendo com ele? Gabriel sentiu o sangue sair de seu corpo, os dentes da mulher lhe penetravam a carne e ele sentia sua boa macia e gelada sugar seu sangue quente, naquele instante ele se lembrou dos seus pais e da sua irmã, suas pernas falharam e antes que caísse quase morto no chão ele pode ver um homem por entre os cabelos da estranha, um homem loiro, cabelo até os ombros, ele vestia roupas pretas e seus olhos eram tão claros e azuis que seriam facilmente confundidos com a cor branca. Aquela visão ficou gravada na mente de Gabriel, logo tudo escureceu e ele teve certeza de que a morte o aguardava.

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